Nicoll

  A verdade é que sempre a temi. Por longos anos imaginei como seria estar exatamente aqui, nesta posição. Inúmeras foram as vezes que tentei sentir como estaria minha mente e o que a envolveria. A verdade é que me apaixonei por ela, o silêncio, o interior, nem mesmo um ruído a ponto de me assustar.  Como me acostumei com tanta rapidez? E finalmente, agora que cheguei, posso dizer que ela se tornou minha maior parceira, amiga e confidente. Qualquer um que possa ameaçar a paz que reina entre nós, faz com que eu erga mais muros, que não saiba como reagir. Já faz tanto tempo. Se um dia a deixar partir, sei que será doloroso e sangrento. Mas também sei, que nesse dia, encontrei o amor que não procurei, mas que veio ao meu encontro. Para minha grande amiga: Solidão.

A verdade é que o medo me toma o corpo. O simples ato de que minha audição perfeita pode ouvir novamente aquele tom, me congela. Eu não poderia, eu simplesmente não conseguiria esconder nenhum sentimento, segredo ou palavras.  Somente um pedido e o chão se abriria, tomaria minha mente, sem me deixar para onde fugir, muito menos raciocinar o que seria dito, a verdade saltaria da minha boca e eu realizaria qualquer desejo, mesmo que relutante, eu não facilitaria as coisas. Eu me nego obedecer a isso. Maldita sensação que não tenho controle. Se corpo e mente estão em meu poder, qual o problema com meus ouvidos? Por eles tudo é desmoronado e escorre pelo meu rosto como ácido, fazendo engolir a seco minha soberania, e é esse, o maior dos incômodos. Saber que uma simples palavra me tira o comando, de tudo.